07/12/2017

UTI e Alta

07/12/2017

Entraram comigo num quarto frio, muito frio, silencioso, os únicos sons eram 'PI, PI, PI' era a UTI materna. Me passaram da maca pra cama junto com os fios que estavam agarrados a mim e atrás de mim um novo monitor, esse eu não conseguia ver, nem entortando a cabeça. O maqueiro foi embora, veio uma enfermeira, perguntou se eu estava me sentindo bem, me cobriu e falou pra mim descansar... Eu ainda não estava sentindo as pernas, mas o sono horrível já tinha passado, eu estava era inquieta, não estava entendendo nada... O médico da UTI chegou perto de mim, muito carismático, disse que eu ficaria ali 24 horas pra terminar o uso do sulfato de magnésio e depois seria liberada. 24 horas????????
Eu perguntei sobre a nenem, o que ela ia mamar e ele disse que a minha mãe podia trazer ela pra mamar e depois levar de novo, mas que o berçario também daria complemento. COMPLEMENTO? uhum... mais essa agora.

21:00 foi quando sai do jejum e me trouxeram 4 bolachas e um copo de suco que parecia maracuja mas tinha gosto de manga. O dia todo em jejum, isso não aliviou nem o ronco do estomago, bebi com tanta pressa que deixei derramar no roupão... que vontade de chorar, tinha acabado de trocar o plantão, tinha entrado uma enfermeira ruiva com uma cara de tão séria, eu queria sumir pra não ter que pedir pra virem me trocar, mas criei coragem e falei que deixei derramar...

Pelo menos um relogio tinha de frente pra mim, eu não tirava o olho dele esperando minha mãe entrar com a Melinda, eu estava louca pra segurar ela no colo, já tinha cerca de 4 horas que ela tinha nascido, certamente ja devia estar alimentada... Passou 22h, 23h, 00h a enfermeira com cara de brava passou e disse que achou que eu a estava dormindo, eu perguntei da nenem, se ela não viria pra mamar, e ela disse "só amanhã".
Eu estava secando o relogio desde que tinha chego pra nada... Fiquei triste, muito triste, chorei, mas eu não queria permitir esse sentimento em mim, eu tava ali mas a Melinda estava no quarto em perfeito estado, isso já era o bastante.

A madrugada foi muito longa, eu pensava em tudo, o sono não vinha, senti tanta raiva da obstetra que me acompanhou a gravidez toda dizendo que a minha pressão alta era do calor, da ansiedade, e deixou me encaminhar pra um acompanhamento mais sério que era o que eu precisava... Por culpa da negligencia dela eu estava naquela situação, por culpa dela corremos tanto risco. Mas uma hora o cansaço me venceu e eu dormi.

 Amanheceu, dia 08-11 acho que era umas 5h quando eu estava olhando pra porta e minha mãe abriu um pouquinho e acenou pra mim me mostrando a mel toda embaladinha no colo dela, mas ela não entrou e saiu. Acho que eram 7h quando liberaram ela pra entrar, a Melinda veio pra mim... Meu Deus, eu estava segurando minha bebezinha pela primeira vez, ela estava bem acordada e minha mãe disse que ela estava com fome, que alegria no coração... Botei ela no peito com a segurança e a experiência de uma mãe de segunda viagem, a pega dela foi na hora, certa e forte.

Mel estava linda, mas a mamãe ultra mega inchada ainda.


Eu admirei tanto, cheirei, sacudi... mas a mamada terminou, e a Melinda teve que sair com a minha mãe, não podia ficar ali pelo risco de infecção. Depois que ela saiu eu vi o Du na porta com a Mel no colo, não pode entrar mas eu fiquei emocionada em ver eles juntos, como eu queria estar lá com eles também...

Trocou o plantão, a bolsa de sulfato de magnesio tinha acabado, e a enfermeira veio colocar outra, disse que depois dessa tinha só mais uma. OI? aquele trosso demorava uma eternidade pra pingar uma vez e ainda tinha mais duas bolsas? Outra coisa importante a falar tbm é que essa medicação me dava uns efeitos surreais, meu rosto parecia que pegava fogo toda vez que entrava com uma bolsa de sulfato nova. (O uso de sulfato de magnésio é recomendado em todos os casos de pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia para prevenção e tratamento das crises convulsivas. Da mesma forma, o tratamento dos picos hipertensivos é recomendado.)

Chegou a hora de me levantar e tomar banho, duas estagiarias bem novinhas que me ajudaram, andei bem bem de vagar, eu estava sentindo minha respiração muito cansada, depois do banho começou o horario de visita, só podia duas pessoas diferentes por dia. Entrou o Dudu com a Mel, ele estava com uma carinha de dó de mim, conversamos um pouco, depois ele saiu e veio minha mãe. Melinda mamava muito bem mas ainda não tinha descido o leite, só o colostro, eu tinha muito medo dela ficar dependente do complemento. Depois que minha mãe saia com ela eu ficava ansiosa pra que desse a hora da proxima mamada de novo, pra ficar admirando ela, abraçando, só assim ficavamos juntas.
Minha respiração continuava cansada, sabe quando agente faz força pra puxar o ar? eu estava quase pedindo pelo oxigenio... mas ai olhei pra menina da cama ao lado, quase 3 semanas de UTI dependente do oxigenio, ate banho ela tomava na cama, nos olhos dela dava pra ver a falta de esperança dela. Eu não queria ficar assim... fiquei com medo também de acharem que eu precisava ficar mais um tempo, então guardei a dificuldade em respirar pra mim.

O dia se arrastou, completei as 24 horas no sulfato mas não tive alta da UTI, disseram que não tinha leito disponivel nas enfermarias, mas estavam omitindo que queriam ver como eu ia me sair sem a medicação. Isso foi um tiro no meu coração, antes me diziam que eu só ia ficar até completar 24 horas, e agora ia ficar por tempo indeterminado? Meu Deus...

Meus braços estavam doendo demais, era uma dificuldade pra amamentar, passa fio pra um lado, passa fio pro outro, a melinda no meio, alguma coisinha soltava ai fazia um barulhão, fora o esparadrapo dos acessos com sangue porque meu braço não tava aguentando o peso dos fios, mais o acesso e o aparelho da pressão que eu não podia tirar. Eu chorei de novo...

Por coisa de Deus o plantão mudou outra vez e um enfermeiro maravilhoso deixou a melinda passar a noite comigo pra minha mãe poder descansar, a maternidade estava cheia e minha mãe tinha medo de deixar a mel no bercinho, só dormia com ela no colo e só ia no banheiro quando o dudu chegava, tadinha da minha mãe. A mel mamou a noite quase todinha, pelo menos umas 3 horas ou 4 minha mãe descansou. (09-11) Quando amanheceu o pediatra veio e disse que estava tirando o complemento dela porque ela estava mamando muito bem, minha mãe entrava praticamente de 1 em 1 hora pra trazer ela, e ela vinha fazendo um escandalo de fome, mamae adorava né por ela no peitinho.

O plantão mudou de novo, eu sempre ficava aflita com as trocas de plantão porque isso influenciava e muito no tempo que a mel passava comigo. Me tiraram um dos acessos, e os fios, só fiquei com o aparelho da pressão. De 10 em 10 minutos as estagiárias vinham aferir a pressão e verificar temperatura durante umas 2 horas, eu estava tão estressada que não conseguia esconder mais. No final da tarde a enfermeira passou dizendo que eu ia naquela hora pra enfermaria, deixei a UTI sendo levada na cadeira mas antes desejei boa sorte e que Deus abençoasse as duas meninas que tinham ficado.

Logo que cheguei na enfermaria o Dudu chegou, ele podia ficar o tempo que quisesse porque era pai, e minha mãe tambem podia porque era acompanhante. Ali eu ja não estava mais me sentindo sozinha... Pra completar minha alegria o leite tinha descido!

No dia seguinte 10/11 acordei um pouco assustada, a enfermeira verificou a pressão e estava 14x8, fez questão de escrever bem grande na minha pasta só porque pra comprometer minha alta. Tomei os remédios, bebi bastante água, tomei banho, estava bem tensa, tudo que eu queria era ir pra casa... Nicolly estava de casa em casa desde o dia 07, um pouco com minha prima, um pouco com minha vó, quando Dudu não estava no hospital ela ficava com ele, eu estava doida pra ir pra casa, apresentar a Mel pra sua irmazinha.

A médica obstetra passou, primeiro olhou meus pontos, checou se o colostro ja tinha virado leite, verificou a pressão, e deu 15x7. Ela conversou comigo dizendo que ia tentar liberar minha alta, mas que era incerto porque eu ja estava com duas subidas seguidas de pressão, ela saiu, quando voltou  disse que não seria possível. Me explicou que eu tinha dado entrada com um quadro sério de pré eclampsia, que a minha PA oscilava e ficava alta demais durante a cirurgia, que eu tinha riscos de desenvolver uma eclampsia e precisava de mais exames. Não consegui esconder a cara de insatisfeita, eu estava ali desde o dia 07, tempo não faltou para que todos os exames fossem feitos, eu não aguentava mais toda hora alguém metendo a mão em mim pra verificar alguma coisa, aquela barulheira de 10 bebes chorando ao mesmo tempo. Parecia que o pesadelo ia começar todo de novo, medo de voltar pra UTI, medo da Melinda receber alta e eu ficar, medo, medo, medo, AHHHHHHHHH Quanto tempo só sentindo medo.

Comecei a ficar agitada, a pediatra passou e deu alta pra Melinda, pronto... Fiquei mais agitada, a conselheira tutelar da maternidade veio falar comigo, disse que eu poderia ir embora assinando um termo de responsabilidade se eu quisesse, mas que eu tinha que entender que ninguém estava me mantendo ali sem necessidade. Ela viu que não adiantou muito e chamou a psicologa, eu expliquei que estava me sentindo otima, que estava ficando nervosa porque queria ir embora, que tinha uma filha menor me esperando em casa e que em casa eu iria ficar terminar de me recuperar. Finalmente conversaram medica e psicologa e concluiram que ficar ali não iria me ajudar, me deram alta pedindo pra continuar a dieta do sal e 'das emoções'.

 Mau elas viraram as costas e eu ja fui arrumando minhas coisas e ligando pro Dudu vir buscar agente. Deixei a maternidade em uma felicidade tão grande, nossa historia ali nunca vai cair no esquecimento, a Melinda vai crescer me ouvindo dizer que ela nasceu de um parto onde os proprios medicos estavam com medo de operar a mãe dela, do quanto ela foi forte, do como a vida dela significava pra mim por implorar pra ser aberta em um quadro de presão arterial tão alta só pra salvar ela. Deus foi muito misericordioso com agente, e é claro que tudo isso só serviu para me fortalecer espiritualmente, a Fé move mesmo a mão de Deus!

Foto do dia 09 que a mamãe tirou assim que chegou na enfermaria e começou a babar

Pronta para ir pra casa 10-11O post ficou grande, mas acho que falei relatei tudinho... Beijoos

05/12/2017

Relato de parto da Melinda - Cesárea de emergência 40 Semanas

05/12/2017
Oiii, Já fazem 28 dias que a mais nova princesinha chegou, queria ter publicado esse post muito antes, mas eu precisava de tempo porque são muitas coisas para escrever... em fim... A proza será longa rsrs





A gravidez toda eu estudei todas as possibilidades para o parto normal, não que minha cesárea anterior tivesse sido ruim, mas eu queria conhecer a "partolandia",esperar o tempo do bebê, ter a experiência do que é parir... e claro, ir da maternidade para casa, nós 4.
A espera foi doce, mas também foi dificil, muito dificil, e chegando as 35 semanas quando finalmente fui liberada de fazer repouso decidi ir pra casa da mamãe até que o grande dia chegasse... Incrivel como tudo que eu planejei em 9 meses mudou de uma hora pra outra, eu não queria mas ter bebe na cidade nova, eu não queria ter longe dos meus pais, o meu intimo me dizia o tempo todo que eu precisaria de ajuda, de fato, acertei.

06-11-17 Segunda, estava com 39 semanas e 6 dias o tempo estava meio fechado, acordei com vontade de ir a maternidade, tinha passado alguns dias da semana com contrações irregulares e muita,muita dor nas costas e quadril, fora os pés que estavam inchadissimos até os joelhos. Minha mãe concordou que seria melhor que fossemos mesmo... Ainda cheguei a colocar as bolsas dentro co carro, na espença do médico plantonista ser bonzinho e me internar (coitada!).  Chegando lá entrei com minha mãe e Du ficou no carro com a nicolly. Na triagem PA 14x8, voltamos a aguardar pelo chamado do medico. Fiquei meia felizinha quando vi que eram duas medicas, eu estava muito esperançosa. Quando entramos respondi as perguntas de praxe, e dei uma aumentadinha para ver se conseguia uma ultrassom, disse que não estava sentindo a nenem mexer (SUS é assim, tem que mentir pra ser atendida com mais atenção). Pois bem... Me fizeram exame de toque e tinha 1cm e meio dilatado, isso não me deixou aliviada, não me deixou feliz, foi um balde de água fria isso sim pois com toda dor que eu estava sentindo a semana inteira achei que já chegaria com pelo menos 3 cm ou 4. A nenem estava baixa, mas ainda não tinha encaixado direitinho.  
Fui pra sala de ultrassom depois de umas quase 2 horas aguardando, a médica super direta só fez me dizer que a nenem estava bem, com aproximadamente 3,800kg e 53cm e que estava tudo normal com as artérias uterinas. Voltei na médica e a mesma me deu toque novamente... Pensou dez vezes se me internaria ou não, mas a maternidade estava cheia, cochichou com a auxiliar e as duas olharam pra mim e disseram para voltar na semana 41. Sobre a pressão 14x8 nenhum comentário!


Cheguei em casa muito muito frustrada, esgotada, com medo... eu não tinha nem mais preferencia por nenhuma via de parto, eu só queria que nascesse logo e bem.

Minha mãe no mesmo dia entrou em contato com uma amiga da secretária de saúde, contou da minha situação, ficaram tempos no telefone, ela disse que procuraria no dia seguinte um hospital que me operasse.  No dia seguinte,  dia 07 na parte da manhã quem ligou foi uma médica, disse que a amiga da minha mãe tinha passado a situação pra ela e que eu não podia esperar, mandou entrar em jejum e retornar na mesma maternidade para procurar por uma mulher chamada Ana na recepção as 14:30. 

No Caminho dentro do carro me senti muito enjuada, minha mãe disse que era da pressão, como eu estava em jejum assossiei o enjoo a isso. Chegando na maternidade estava tão cheio mas tão cheio que tinha muita gravida em pé, a porta principal aberta os ar condicionados pareciam desligado, que desanimo! Eu disse pra minha mãe para irmos em outro hospital que não iriamos conseguir nada de novo, tinha outras duas opções, mas ela disse que tinha que ser ali (mães sempre sabem de tudo), passei com a enfermeira, PA estava 16x7, minha mãe começou a ficar um pouquinho nervosa dizendo que não me levaria pra casa assim, eu me sentei para aguardar o chamado do médico. Até então a unica coisa que eu estava sentindo era muito enjoo, mas enquanto estava sentada mil coisas se passaram na minha cabeça, aquele hospital super cheio, eu não estava acreditando nada que a Melinda nasceria naquele dia, eu ja estava esperando um remedinho para baixar a pressão e ir para casa, mas eu estava com medo, na verdade, apavorada! 

De repente a cabeça começou a pesar pra trás, os olhos a ficarem pesados, dor de cabeça, o enjoo continuava, meus pés e pernas estavam imensos. Mas nada disso era pior do que a sensação horrivel que eu estava sentindo de que alguma coisa estava errada, a nenem mexia tanto e desde que eu tinha entrado ali não estava mexendo, os minutos foram passando e isso estava me angustiando, teve uma hora que eu comecei a apalpar a barriga forte pra que ela respondesse mas não mexia... Abaixei a cabeça e soltei o choro baixinho, até que chamou o meu nome. 

Minhas pernas travaram, eu não abri os olhos, uma angustia tão grande tomou conta de mim que eu comecei a chorar alto, minha mãe perguntava o que ouve e eu não dizia nada, só ouvia alguém no fundo dizendo "pede para buscarem uma cadeira de rodas pra ela", duas enfermeiras vieram, uma delas super grosseira me mandando parar de chorar e começar a falar, continuei sem dar uma palavra, cada uma de um lado me segurarando e foram me levando pra sala da medica e a minha mãe do lado.

  O tempo todo me mantive de olhos fechados, não me perguntem o porque, era muita dor na cabeça. A médica nem perguntou o que eu estava sentindo, quando me viu entrando senti ela chegando rapido perto de mim e dizendo para tirarem minha roupa e me colocarem na maca, ela veio colocando o aparelho na barriga e não ouvimos nada, meu Deus que desespero! Eu nunca vou saber descrever em palavras o que eu senti naquela hora, meu choro virou grito, a medica toda atenciosa dizendo pra mim ficar calma que iriamos ouvir, que estava baixinho mas estava ali, eu não queria ficar calma, eu queria levantar dali correndo e abrir a barriga na primeira faca que eu encontrasse porque eu sentia minha filha sofrendo, toda aquela angustia, tudo de ruim que eu estava sentindo por dentro era como se eu estivesse perdendo ela. Não sei se foi a medica ou se foi uma enfermeira, verificou minha pressão deitada naquele instante e estava 22x12, quando eu ouvi isso imaginei 'estamos morrendo'... A medica rapidamente mandou as enfermeiras me colocarem a roupa do centro cirúrgico que eu iria subir naquela hora, e eu deixei a sala sendo levada na cadeira de cabeça baixa sem ter visto o rosto daquele anjo que discutiu com a equipe cirúrgica pra que me operassem as pressas. 

Em uma salinha colocaram acesso nos meus dois braços, e em um deles já entraram com o sulfato de magnésio, tiraram minha aliança e ouvi alguém dizer pra minha mãe que ela não podia chorar ali perto de mim, tadinha da minha mãe, eu não sei como mas ela me transmitiu uma força enorme. 
Eu abri os olhos e tinha uns 5 enfermeiros atrás de mim, uma movimentação de enfermeiros e médicos, incrível o profissionalismo deles só entrarem em pratica quando tem alguém quase morrendo.

 Chamei minha mãe, perguntei pelo Dudu... Ele estava trabalhando mas estava atento ao whatsapp, estávamos conversando desde de manhã e ele só estava esperando eu avisar que ia internar pra ir pro hospital. Minha mãe já estava com o telefone na mão tentando fazer contato, mas a área estava ruim. 

Muito de pressa veio um enfermeiro me buscar na maca e minha mãe não pode ir mais. Eu gostaria de ter estado indo pro centro cirúrgico com a mesma ansiedade e felicidade que eu estava indo no dia da Nicolly nascer, mas meus únicos sentimentos eram de medo e medo. Fiquei aguardando terminarem outra cesárea de urgência. 

Um enfermeiro bem atencioso veio perto de mim colher sangue e aferir minha pressão, disse que tinha baixado pra 15x7, eu perguntei se não iam tentar ouvir o coração da nenem de novo pois ja era a segunda vez que eu estava pedindo e ele disse que era só pra mim pensar em ficar calma. Minha mãe bateu na porta perguntando se podia entrar pra assistir e uma enfermeira super fria disse assim "Não pode, mãe e bebe estão em risco". 

Eu estava ali sozinha e iria continuar... Entraram comigo pro centro cirúrgico, a anestesista tentou conversar comigo sobre a anestesia geral mas eu insisti na racker. Tomei a anestesia, colocaram a sonda e todos os aparelhos,no peito, em baixo do peito e nas costas, quando estavam começando eu disse que ainda estava sentindo as pernas, me levantaram rapido e avisaram que seria a racker com morfina, concordei. Cobriram tudo que tinha na minha frente, não tinha nem um lugar que desse pra mim ver alguma coisa, do meu lado estava a maquina que mostrava todos aqueles numeros e a PA, eu não tirei o olho um minuto daquele monitor. No incio estava 14x8 depois 15x8 depois 16x8 e depois disso ficou oscilando entre 16x8 a 22x12 e a anestesista umas três vezes colocou alguma coisa em um dos meus acessos. Me senti muito muito enjuada, com muito sono, um sono de morte mesmo. Foi coisa de no máximo 10 minutos, senti o cheiro de queimado, sabia que estava perto, e a pressão no monitor disparada, a anestesista vinha e colocava remédio na veia de novo, e eu estava cantando baixinho... Não lembro qual louvor, mas eu estava cantando pra Deus me acalmar, pra Melinda nascer bem... Eu tinha esperado tanto tempo por esse momento, seria destruidor deixar aquele hospital sem ela. 

Ouvi alguém dizer assim "nasceu", mas não tinha choro, ai uma outra voz disse "Não? não acredito" eu não parava de falar com Deus nem um minuto, pedindo pra que ela resistisse, pra que estasse bem...   Aquele silêncio parece que vai matar agente, de repente começou um choro grosso tremido, estranho, eu sabia que era ela mas isso não tinha me trazido alivio, era como se ela ainda estivesse lutando, fez barulho de vomito, de aspiração, de euforia do pediatra, ai então ela chorou, bem alto com serenidade, e aquele choro foi a minha calmaria, eu comecei a chorar, a agradecer a Deus, estava tão louca pra ver o rostinho dela... Foi ai que consegui afastar um pouquinho pro lado o pano que estava na minha frente e consegui ver o bercinho que ela estava, estava com os olinhos bem abertos muito diferentes do da irmãzinha, cabeludinha, os braços pra cima com as mãos bem abertas como se estivesse assustada e chorava tão lindo, aqueles olhinhos foi um arco iris em meio a toda aquela tempestade. Que vontade de fazer carinho e embalar num abraço. 

Quando terminaram me levaram pro pós cirúrgico, o bercinho dela ficou ao lado da maca, eu virei bem a cabeça pro lado e peguei na mão dela, o dedinho dela segurou forte, meu Deus eu estava tão emocionada, lembro de dizer assim "Oi filha, você é linda" e ela estava quietinha, sem choro, só estava bem agitada e eu toda preocupada dela se descobrir e passar frio. 

Foi bem rapido ate que um enfermeiro chegou puxando a maca onde eu estava, a medica disse que eu ia precisar passar um tempo na UTI, que a nenem estava bem e não podia ir comigo. Eu disse que eu estava me sentindo bem, que não precisava aquilo e ela disse que eu ainda não estava bem, que eu precisava ser monitorada, que minha mãe estava do lado de fora e ja estava entrando para buscar a Melinda. Isso me tranquilizou, um pouco. Me levaram e ela ficou lá sem mim... A continuação desse post vai ser sobre a UTI, um outro momento delicado. Foram 2 dias lá, 2 dias que pareceram a eternidade.

FOTO DO BARRIGÃO COM 40 SEMANAS





Na pressa não me perguntam pelo seu nome, não fizeram sua pulseirinha, não tinha ninguém ali ao lado da cabeça da mamãe pra segurar minha mão, não me mostraram você, não te colocaram um minutinho no meu colo, eu não senti seu cheiro, não teve fotinho... Aquele contato pele a pele que idealizei tanto pra gente, não aconteceu. Você chegou na minha vida as 16:59 do dia 07-11-17 pesando 3,565kg e medindo 52cm, independente das circunstancias... me trazendo muita felicidade e paz no coração. 

FOTO TIRADA PELA VOVÓ


Esse não era o parto que eu queria pra gente, mas em todo tempo sempre pedi a Deus que sua vontade fosse feita e foi, a fidelidade dele não acabou, nos mostrou mais uma vez que cuida e zela por nós... vencemos a Pré eclampsia, juntas! Nossa Melinda <3

OBS: Quero postar fotos na ordem dos fatos, então no proximo post tem mais. Essa foi a unica tirada no dia do nascimento.
Beijos